Sobre os absurdos da palavra Limite

Limite é palavra do momento. Em todos os meios de comunicação ouvimos as pessoas falando em dar limites ou colocar limites. Basta ligar a televisão e alguém estará lá no alto de sua autoridade falando em limites e da importância deles. E aponta-se a falta dos limites como causa para uma série de mazelas sociais. Tanto que a palavra tornou-se de domínio público e não raro ela está sendo pronunciada nos elevadores, nas filas de bancos, nas salas de aula, nos encontros sociais, etc. 

Agora vamos perguntar:  O que significam estes tais limites? Como defini-los? Já temos limites e às vezes em excesso. É disso que as pessoas sofrem e do que a sociedade padece. Excesso de limites que restringem a vida sob vários aspectos. A ilusão da liberdade que transforma a todos em consumidores é um fator limitante. 

Sinal de pare limites

Tem-se por aí como regra que o dizer ‘não’ deve ser entendido como colocar limite e que a partir disso ele está estabelecido. Pura ilusão. Isso só faz criar um grande desejo de ultrapassar o ineficiente limite, e essa ultrapassagem é que causa o dano, que causa a delinqüência. 

Em vez de cristalizar um não, quero propor que seja registrado o sim. Só que a diferença é que este sim precisa ser responsabilizador. Dizer para a criança: não mexa aí é criar nela uma vontade de mexer. Porém dizer: sim, você pode mexer aí se quiser, porém as conseqüências serão tais, tais e tais é fazer valer uma lei que torna o sujeito responsável pelo retorno de seus atos. Em geral esse ‘não’ dirigido ao outro é apenas um ‘não porque eu não quero!’ Isso não responsabiliza o outro nos seus atos. Quem já não ouviu a frase: o que é proibido é mais gostoso? 

O excesso dos chamados limites vai criando um acúmulo de não poder fazer que em geral culminam nos sintomas ou num rompimento brusco da represa do limite. Nesses momentos de ruptura o sujeito pode ser chamado de louco, pode ser internado, expulso de algum lugar, etc. Freud assim expressa uma questão importante: ‘A experiência nos ensina que existe para a imensa maioria das pessoas um limite além do qual suas constituições não podem atender às exigências da civilização. Aqueles que desejam ser mais nobres do que suas constituições lhes permitem são vitimados pela neurose. Esses indivíduos teriam sido mais saudáveis se lhes fosse possível ser menos bons. ’ Ser menos bom. Quão limitante é a exigência da bondade! E o pior, bondade para o outro, para atender à demanda de um outro.

Há duas palavras-conceito que auxiliariam a melhor compreender estas questões: a castração e o impossível. Fica como sugestão para quem quer saber mais. 

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