Sexualidade e Morte II

Um trecho do texto anterior dizia o seguinte: …diante da impossibilidade de dizer de onde veio e para onde vai, o sujeito cria ou adere a crenças na tentativa de confirmar ou preservar a esperança da imortalidade perdida. Dizer que aquelas perguntas de onde vim e para onde vou são impossíveis de responder, de fato pode chocar aqueles aderidos a sistemas de crenças religiosas. Concordo e não se trata de convencer ninguém do contrário. 

Aparte toda crítica da religião, tenho aqui objetivo de provocar alguma discussão frente a questões da subjetividade. Que a morte e a sexualidade são as duas questões centrais que movimentam a vida de qualquer sujeito, não se pode duvidar, pois todos os atos humanos, suas condutas, suas produções, enfim, tudo o que brota de um sujeito, vai no sentido de alcançar ou produzir alguma resposta à sua existência errante sobre o planeta. 

Sexualidade e Morte II

No cerne do questionamento das origens e do destino futuro, há um ser que a cada instante se questiona: QUEM SOU EU? Sua existência é questionada a todo momento e se analisarmos os símbolos que o homem produz veremos que todos se relacionam ao corpo próprio, às relações de parentesco, ao nascimento, à vida e à morte (Jacques Lacan). Temos o dia de finados no qual observamos o presentear e homenagear os mortos. Será que conseguiremos um dia compreender qual o significado da construção de um túmulo? A menos que ignoremos por completo o simbolismo da sexualidade acreditaremos que se trata de uma real homenagem aos mortos.  Ou será a garantia existencial da cadeia de gerações e de parentesco que estarão em jogo? Lugar de memória e de representação que destina o morto ao mesmo tempo em que o imortaliza na lembrança.

Voltando à questão do quem sou eu?, vemos que uma referência buscada encontra resposta sobre a forma do ser na construção do gênero, sexo e identidade. O mistério sobre seu ser precipita um sujeito nos símbolos da procriação e da morte. Por essa via, inevitavelmente (ainda bem), o sujeito será sexualizado. A sexualidade é muito mais complexa do que a redução a prazeres de partes do corpo. É um fenômeno subjetivo e o corpo vai responder a esta subjetividade, a esta linguagem, a este simbolismo. O Outro constitui o ser da sexualidade e a sexualidade será o relacionamento que o sujeito terá com esse Outro. 

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