As separações podem causar grandes conflitos. O que fazer? O que fazer com os filhos? Com minha vida financeira? Com a saudade? Com o ciúme? Com o sentimento de perda? Com os afetos? Com o sentimento de traição? Com a raiva gerada numa separação? Com a sexualidade?
As separações são difíceis por terem raízes profundas. Trazem consigo marcas de vivências passadas. Ao longo da vida e principalmente na infância cada sujeito vai passar por um número muito grande de situações em que precisará elaborar separações e estas vão preparar o terreno para lidar com as outras que a vida impõe.
As separações necessárias na infância estão relacionadas ao prazer e ao corpo. É preciso separar-se do seio e da própria mãe enquanto objeto de amor. Cada separação representa uma perda de alguma coisa ou de uma posição. É comum substituir a perda de algo por outro para aliviar o peso de uma separação. É uma das funções da chupeta que as crianças usam e da qual também vão precisar separar-se.
A vida constitui e conta a história dos objetos que foram amados e dos quais foi preciso separar-se. A história de cada um e suas lembranças revelam a história dessas separações e perdas. Quando um sujeito resume a história de sua vida ele relata as grandes perdas e separações pelas quais passou, sejam elas marcadas por pessoas, objetos ou posições.
A forma de lidar com separações será muito diferente a cada sujeito. Diante de uma situação atual de perda em que se está sofrendo muito, talvez cada um possa perguntar o que representa e quais lembranças de separação ela traz no seu rastro.
É desejável que uma dose de tristeza venha se abater diante de uma separação. Como pretender ficar indiferente se alguém com quem se teve um relacionamento durante um tempo vai embora por alguma razão (morte, viagem, separação judicial, etc.)? É preciso tomarmos cuidado para não nos desumanizarmos ao ponto de pretender ficar imunes e indiferentes numa situação onde o outro não mais estará presente.
Outra questão importante é que numa separação, quem vai embora é o outro, quem se separa é o outro, não é uma parte do seu corpo que se desprendeu. Muitas pessoas sofrem por estarem tão próximas e dependentes do outro que quando esse vai embora, sente-se como se fosse parte de si.
Nada melhor do que as palavras para ajudar e entender a complexidade envolvida numa separação. Dependendo de como o período de infância estruturou a vida psíquica de um sujeito, ele vai precisar de uma escuta profissional para clarear as razões de seu sofrimento.