Relação com a morte

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As relações entre a sexualidade e a morte. Existem duas questões centrais a movimentar os falantes e que não param de não se responder. São elas: de onde vim e para onde vou? Parecem questões simples, mas são causadoras de grande angústia. 

O de onde vim, vai posicionar o sujeito diante da sexualidade e o para onde vou tocará nos mistérios da morte. Entre uma pergunta e outra está o sujeito produzido como resposta a estas questões, um efeito delas. Complicado né? Vamos tentar simplificar um pouco (se é que é possível simplificar um assunto tão complexo). Há uma tentativa nos seres falantes de se imortalizar, de negar a representação da morte (que de fato não há), então acabam produzindo substitutos para dar conta dela. Tem até um ditado que diz que todo homem deve plantar uma árvore, ter um filho e escrever um livro. O uso deste ditado revela algo importante que é justamente a tentativa de prolongar sua existência ou imortalizá-la.  

Não existem os imortais da literatura? Construímos teorias para explicar a vida, as origens e o futuro. E, diante da impossibilidade de dizer de onde veio e para onde vai, o sujeito cria ou adere a crenças na tentativa de confirmar ou preservar a esperança da imortalidade perdida. Sim, porque acredita que houve uma perda inicial que deu origem ao seu ser e que isso é resultado do fato de ser marcado pela sexualidade. Imortalidade perdida porque sabe que ao nascer caminha para o fim. Daí a angústia, o mal-estar da vida e na vida. A sexualidade presentifica a finitude para o sujeito humano porque até os ritmos e fases do corpo vão marcando uma temporalidade. 

Outra saída para lidar com essa finitude é quando se projeta nos filhos o narcisismo dos pais numa tentativa de imortalizar-se através dos seus rebentos, que já não são mais tão seus. (Ai ai ai quanta briga!) Veja que um filho também é uma tentativa de solucionar um problema subjetivo angustiante. 

A sexualidade é muito mais complexa do que a redução a prazeres de partes do corpo. É antes de tudo é um fenômeno altamente subjetivo e o corpo vai responder a esta subjetividade, a esta linguagem, a este simbolismo. Por isso que, quanto mais falada, mais simbolizada, menos angustiante será a vivência da sexualidade e menos sintomas precisará produzir. 

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