Os sonhos

Os sonhos. Trata-se mesmo de uma fronteira? Ao longo da história os sonhos sempre foram alvo de tentativas de explicação pois provocavam interesse. Até na Bíblia tem a história de José que interpretava os sonhos do Faraó. É claro que hoje sabemos mais do que naquela época e podemos dizer com mais propriedade algumas palavras em torno do que sejam os sonhos e seus objetivos. 

O fato é que os sonhos nos provocam incômodos, assustam, fazem pensar, geram angústia, aliviam e também, porque não dizer, nos avisam de certas coisas. Aqui é preciso tomar cuidado para não atribuir aos sonhos uma característica ligada ao misticismo. Os sonhos só dizem respeito ao sonhador e revelam o mundo subjetivo do sonhador e nos deixam embaraçados por não conseguirmos compreender o que eles querem dizer. E isso é o mais importante. Os sonhos realmente querem dizer e dizem alguma coisa. Afinal, de que se trata?

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Para a Psicanálise, os sonhos são mais do que um interesse, constituem mesmo um instrumento de trabalho, uma estrada real que leva ao inconsciente, diz Freud. 

Os sonhos são uma realização de desejo. Grande parte de nossa vida é e está inconsciente, que é um lugar onde existem representações, restos de lembranças, experiências. Muitos desejos encontram resistência em serem reconhecidos, não podem vir à consciência por representarem situações incompatíveis, desejos proibidos, ameaçadores, imorais, etc. Então, o inconsciente se utiliza dos sonhos para realizar esses desejos. Note que existe uma linguagem inconsciente e um sujeito que criam os sonhos. Os sonhos são uma produção do inconsciente e realizam desejos. 

Se esses desejos não podem ser reconhecidos de forma consciente por serem incompatíveis com a vida moral do sujeito (seu eu) então, nos sonhos, esses desejos vão aparecer de forma disfarçada. Esse é o maior problema dos sonhos, pois sonhamos com imagens que representam outra coisa. 

Os sonhos são constituídos por símbolos e esses símbolos se representam por imagens. Sonhamos com imagens que representam idéias do inconsciente. Já temos então as idéias (registro simbólico), as imagens (registro imaginário), falta dizer que os sonhos são de fato vivenciados por aquele que sonha (registro real). O corpo sente aquilo que está sendo sonhado. No inconsciente e nos sonhos, tudo é atual, não há a dimensão temporal tal qual a conhecemos e neles encontramos aspectos infantis representados em imagens coletadas no dia anterior. 

Os sonhos revelam a relação do sujeito com o desejo.

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