A angústia é tema central nos mais diferentes lugares: nos consultórios médicos, nas empresas, no dia-a-dia da cidade e principalmente no cotidiano de cada sujeito. Constata-se o sofrimento em qualquer local por onde possamos circular. E as pessoas sofrem e reclamam justo dos efeitos penosos da angústia quer apareçam em sintomas no corpo, em transtornos psíquicos, em dificuldades financeiras ou em problemas de relacionamento.
Pois bem, o que fazer com essas angústias?
A angústia é um fato que define o humano. Somos marcados pela angústia e tudo o que fazemos é uma tentativa de aplacar seus efeitos. Existem duas formas de lidar com a angústia: ou fazemos dela o combustível para produzirmos e criarmos coisas para a vida ou adoecemos em função dela.
Aqui é importante ressaltar que o mundo moderno vem tentando eliminar a angústia. Tarefa impossível. Tenta fazer isso vendendo a idéia de que a aquisição de objetos terá sucesso em acabar com as angústias. A mesma idéia vale para a proliferação de medicamentos que prometem esse impossível. Por experiência clínica afirmo que muitos dos pacientes que recorrem ao consultório já tentaram de muitas formas lidar com questões subjetivas através das muitas falsas promessas. Fato esse que só faz prolongar o sofrimento.
O uso de drogas (inclua-se aqui uma lista imensa de objetos) é também uma tentativa de que a angústia seja superada pela ingestão, injeção, compra, aquisição de algum intermediário.
Diante de tudo isso, é importante sim falar da angústia. E dizer que antes de tratá-la como algo exterior ao sujeito, como a patologia em si, ela pode ser canalizada para a produção. É possível trabalhar com a angústia a fim de que ela possa estar a nosso favor, gerando motivação para o trabalho, para o lazer, para a produção, para a vida.
O desconhecimento da angústia como móvel de nossas condutas é que a faz ser encarada como algo que precisa ser extirpado. Não é assim. Falemos a verdade. A angústia pode ser nossa aliada se a colocarmos em movimento no sentido da produção e realizações que tragam momentos de felicidade. Isso é possível. Trabalho. É uma pena que o mundo esteja cada vez mais interessado nas promessas imaginárias. O real sofrimento não é da angústia em si mas quando ela se converte na doença.
Reconhecer a angústia possibilita perceber o humano de forma mais verdadeira e daí poder até construir o amor de forma mais real.