Nascimento. Há uma grande mobilização para a chegada de um novo ser. Considerando que a família é um sistema, a chegada de um novo sujeito provocará uma grande transformação nesse lugar. Esse novo elo da cadeia precisará ser acolhido, aceito, ser chamado a fazer parte.
Então vamos perguntar: de que forma esse sistema se preparou para receber esse novo sujeito? A preparação envolveu somente aspectos materiais, como berço, roupas, fraldas, etc.? Ou também houve uma preparação simbólica para se receber esse novo membro do sistema. Vamos escolher só um exemplo para ilustrar o que disse acima. Vamos supor um casal que tenha um filho. Até que então ele é o centro das atenções, não precisa dividir a atenção dos pais com mais ninguém dentro de casa. Só que esse casal resolver ter mais um filho.
Já é possível pensar que a chegada desse irmão causará no primeiro filho uma série de perdas. E esse filho que nasceu poderá não ser muito bem-querido se não houver muito diálogo, muita conversa para explicar uma série de questões relativas ao nascimento. É claro que essa situação vai gerar ciúmes, inveja, raiva, perdas para o primeiro filho. E o que fazer com isso? Principalmente pelo fato de que dele é exigido que ame o irmãozinho querido.
De novo: o que fazer com a raiva, com a agressividade, com a aquela vontade de que esse irmãozinho desapareça? Parece que tudo isso dá lugar a condutas aparentes de amor e afeto. Mas não é bem assim. A Psicanálise revelou que esses fatos ficam armazenados e vivos no interior do sujeito e de alguma forma isso vai se revelar. Será por isso que vemos tantas histórias de brigas entre irmãos? Mortes até? É, quanto menos falado, quanto menos, simbolizado, quanto menos palavras, também menos um sujeito terá condições de lidar com um fato desses de forma tranqüila.
Se bem que tranqüilo nunca será, mas tem condições de ser menos causador de sofrimentos. Tenho escutado muitos sujeitos no consultório que trazem questões muito complicadas com os irmãos em função de não ter havido uma preparação para a convivência com outros elementos de um sistema. Que lugar subjetivo ocupará esse novo ser no sistema?