Câncer de Mama: Reações Psíquicas.

No texto de ontem escrevi um pouquinho sobre o corpo real.

Mas esse corpo também é uma imagem, imagem com a qual nos relacionamos internamente e imagem com a qual negociamos nosso ser com o mundo, nas relações, as identificações. Esse corpo Imaginário é a nossa capacidade de pensar, projetar, antecipar, fantasiar. Precisamos dele. 

E temos ainda a dimensão simbólica desse corpo, ou seja, as palavras que nomeiam e constituem o corpo, o que se faz com ele, é o corpo histórico.

E quantas palavras usamos para falar de nossas dores, palavras essas que ficam a uma distância muito grande do Real, mas revelam um imaginário do corpo. 

O peso do diagnóstico se faz sentir de imediato e abalam as dimensões do corpo. Vem como uma surpresa, trazendo uma notícia que tira o paciente do controle. Os pensamentos se voltam para processar a informação. Pode haver uma atitude negação inicial da doença. Um desespero, o futuro se esvai. É no segundo momento, após o recebimento do diagnóstico que vamos avaliar as formas de reação.

Algumas pacientes, logo após o susto inicial, vão desejar logo o tratamento, envolver-se com a nova condição. Enquanto outras continuarão a acionar modos de defesa que vão desde a continuidade da negação, a não aderência ao tratamento, ao luto patológico da imagem de si, podendo chagar à depressão e até a tentativas de suicídio. 

Algumas pacientes vão desenvolver sentimento de culpa em relação ao aparecimento da doença e, devido a fantasias inconscientes mobilizadas, podem levar a condutas sérias de isolamento e inibição de funções psíquicas e corporais.

É bom lembrar que na maioria dos casos o prognóstico é bom, os tratamentos são eficazes na remoção da doença, a depender do estágio em que foi descoberto. Nestes casos, tão logo resultados comecem a aparecer vão produzindo também uma boa sensação de diminuição das tensões ansiosas e um aumento da vontade de chegar à cura.

A forma como são informados os diagnósticos por parte da/o médica/o e da equipe de saúde constituem função importante para a sequência do tratamento. Deve ser feito de forma humanizada, com explicações suficientes sobre prognóstico e num tom encorajador. Há relatos muito tristes pela forma como as pacientes foram informadas de sua condição de saúde. Sensibilidade é uma boa palavra para estar presente quando tratamos desse assunto.

Convite Especial

Por ocasião do Outubro Rosa, escolhi um filme muito especial para a ocasião.

Aquarius (2016) conta a história de Clara, uma sobrevivente do Câncer de Mama que enfrenta diversos desafios relacionados ao seu corpo, seus relacionamentos e suas convicções.

Assista ao filme e depois participe do debate no evento abaixo.

Análise do Filme - Aquarius 2016 - Outubro Rosa - Celio Pinheiro - Cinema e Psicanálise

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