Temos um corpo. Temos um corpo Real, feito dos tecidos e ossos que sustentam a vida. Mas em Psicanálise o Real também significa aquilo que não podemos dizer, o Impossível de saber, pensar, simbolizar, e essa é uma das dimensões do Corpo, uma “linguagem” Real, que nos escapa.
Mas esse corpo também é uma imagem, imagem com a qual nos relacionamos internamente e imagem com a qual negociamos nosso ser com o mundo, nas relações. Esse corpo Imaginário é a nossa capacidade de pensar, projetar, antecipar, fantasiar. Precisamos dele.
E temos ainda a dimensão simbólica desse corpo, ou seja, as palavras que nomeiam e constituem o corpo, o que se faz com ele, é o corpo histórico.
E quantas palavras usamos para falar de nossas dores, palavras essas que ficam a uma distância muito grande do Real, mas revelam um imaginário do corpo.
E temos o câncer, essa palavra maldita que muitos até preferem não pronunciar.
E temos o câncer de mama. O ataque dessa linguagem numa parte tão sensível – e forte também – do corpo da Mulher.
A notícia, em forma de diagnóstico, de que essa linguagem chegou, pode causar processos de sofrimentos inimagináveis.
Surgem os fantasmas da Morte – hoje menos do que antes –, da rotina do tratamento, das dúvidas sobre o futuro.
Aparece o fantasma das perdas. Perda de uma parte tão valorizada do corpo. Perda de uma região corporal que produz satisfações, perda da acalentada beleza, perda de imagem idealizada do corpo.
A ameaça da perda da feminilidade, das angústias relacionadas ao desejo sexual. Para além do aspecto materno, o seio também é uma zona erógena do corpo, importante para a feminilidade, para o narcisismo, para a economia das satisfações. São muitas as representações que o seio assume, a mama sendo uma delas.
É muito importante – inclusive para a evolução positiva do tratamento – que o enfrentamento venha acompanhado por uma escuta dessas angústias. Além de poder diminuir os sofrimentos poderá afastar também outro fantasma, o da solidão.
Convite Especial
No próximo sábado farei uma live para analisar o filme Aquarius (2016) com Sônia Braga, que trata, dentre vários assuntos, sobre uma mulher que superou essa doença.
Clique neste link, ou na imagem abaixo, e veja este conteúdo especial que preparei sobre o tema.
Convite Especial
Por ocasião do Outubro Rosa, escolhi um filme muito especial para a ocasião.
Aquarius (2016) conta a história de Clara, uma sobrevivente do Câncer de Mama que enfrenta diversos desafios relacionados ao seu corpo, seus relacionamentos e suas convicções.
Assista ao filme e depois participe do debate no evento abaixo.
