Notaram que escrevo Angústia maiúsculo? Tenho respeito por ela. Ela não mente. Hoje fala-se muito em Síndrome do Pânico. Não gosto de certas classificações porque sabemos que vão junto às intenções de associar a elas milagroso medicamento. Afirmo minha crítica diante de tantos absurdos mercadológicos que enredam sujeitos sofredores nas malhas do consumo. Já em 1895 Freud trabalhava a Angústia e a descreveu conforme vou resumir aqui: irritabilidade geral, hipersensibilidade auditiva que pode causar insônia, expectativa angustiada expresso numa espera de que algo de ruim venha a acontecer, pessimismo, estado de Angústia em livre flutuação, ansiedade que pode revelar-se através de espasmos do coração, dificuldade de respirar, inundações de suor, fome devoradora. É o mal-estar. Ataques de ansiedade que podem se manifestar por distúrbios da atividade cardíaca e respiratórios, acessos de suor, tremores e calafrios, diarreia, pavor noturno, vertigem, agorafobia, problemas digestivos, aumento da sensibilidade corporal. Essa descrição está contida no texto de Freud chamado: Sobre os fundamentos para destacar da neurastenia uma síndrome específica denominada neurose de angústia, de 1895.
Ela é o inesperado, a visita, a surpresa, aquilo que chega sem avisar ou aquele afeto que sinaliza a chegada de algo ruim. Vamos avançar um pouco e dizer que a Angústia é efeito do NÃO SABER, daquilo que não pode ser nomeado e que causa os efeitos descritos acima. É o afeto primeiro sempre pronto a retornar e que traz consigo a marca das primeiras vivências humanas da separação, do abandono, da entrada na vida, do começo e da morte. A angústia é na sua radicalidade o sujeito não conseguir dizer realmente o que ele é. O que é para si e o que é para o Outro. Há muito mais a se dizer.