A vida escolar, a criança e o professor

O início da vida escolar e os anos seguintes vão produzir impressões marcantes na vida psicológica de uma criança, responsável por características da vida adiante. Professores têm função decisiva, além de transmitir ensinamentos, vão se tornar modelos éticos e morais para seus alunos. Aspectos sentimentais nesta relação entre professores e alunos vão estabelecer idealização e projeções bastante significativas para os alunos. 

“…é difícil dizer se o que exerceu mais influência sobre nós e teve importância maior foi a nossa preocupação pelas ciências que nos eram ensinadas, ou pela personalidade de nossos mestres. ” 

Sigmund Freud
professora responde pergunta de aluna em sala de aula

Como os professores se percebem e como pensam as escolhas tomadas nessa missão de ensinar. 

O que te levou a essa escolha? O que é a criança para você? O que é o ensino? Ensinar é fazer pensar. Como você se vê na relação com o aluno? Você sabe qual a importância do professor na vida do aluno? Que afetos estão envolvidos? Qual a responsabilidade sobre o saber a ser transmitido? E a responsabilidade sobre a qualidade do vínculo? Um professor pode fazer um aluno amar os estudos. Mas também pode traumatizá-lo para sempre. Como o aluno vê você? Quais fantasias são projetadas?

O professor também escuta e escutar envolve ir além do que é ouvido. É preciso entender o ouvir na sua dimensão de Escuta, que envolve também o observar, o olhar, o sensibilizar-se, perceber. 

O escritor Rubem Alves escreveu que escutar é complicado e sutil e que para tanto é preciso que haja silêncio dentro da alma. Escutar é levar em conta a existência do outro, de suas dificuldades, de seus limites, de suas contradições.

Um Sujeito fala através de suas palavras, mas também através de seu silêncio, de suas escolhas, de suas paralisias, de suas enfermidades, de sua falta de palavras para expressar-se. Fala através de seus ódios descarregados de forma inadequada, da agressividade que denuncia sua condição. 

Faz parte do ouvir a capacidade de colocar-se no lugar do outro, em alcançar, por mínimo que seja, a dimensão do drama que o faz falar, que o faz expressar-se, seja por palavras, seja por condutas. Antes de ouvir, precisamos entender o sentido profundo do falar. Antes de ouvir, precisamos adentrar o recinto sagrado e conhecer o poder criativo, transformador e salvador das palavras… 

Sim, ouvir cura! Promove a cura. Se a Injustiça e indignação adoecem, a escuta tem o poder de curar. Ao ser escutado, o Sujeito é retirado de sua condição de não existência, pode se livrar do terror mortífero da exclusão, dos efeitos de adoecimento psíquico, corporal e social. 

A escola é um local de projeção e nela as manifestações subjetivas serão apresentadas pelos alunos em processos que nem sempre são conscientes: dificuldades de aprendizagem, problemas com sexualidade, agressividade, condutas desviantes, dificuldades de relacionamento, uso de drogas, medos, além de uma série de disfunções corporais. 

Na escola reproduzirão padrões vividos em casa, poderão descarregar agressividades, exercerão liderança, poderão expressar suas dificuldades de sexualidade, manifestar inibições e medos, entrar em contato com drogas, sofrerão pressões quanto ao seu desempenho.

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