As causas para a ocorrência do suicídio constituem tema complexo.
São causas internas ou externas?
Ou seria mais correto falar em modos de sofrimento interno causado por eventos externos? Neste sentido, para algumas pessoas uma crise financeira pode ser motivo para acabar com a vida, enquanto que, para outras pessoas, pode ser fonte de incentivo para a criação, para a produção.
As causas do suicídio precisam ser pensadas a cada caso. Para alguns um rompimento amoroso pode ser muito difícil de superar e acabam cometendo suicídio, enquanto que, para outros, um término de relação pode ser motivo de tristeza, mas não de desespero.
Por essas razões falar em causas para o suicídio precisa de bastante cautela, para não chancelarmos um acontecimento da vida como causador da morte voluntária. Não se pode naturalizar, por exemplo, que uma perda amorosa seja agente causador de suicídio sob o risco de induzir à morte aqueles que estejam passando por uma situação de ruptura amorosa.
No entanto, e levando-se em conta um histórico prévio de alguma fragilidade psíquica, podemos pensar que uma ruptura amorosa possa ser um fator desencadeante para uma dor insuportável. O mesmo vale para uma perda de algo muito significativo na vida de alguém, como o emprego, a honra, o patrimônio.
A presença de adoecimento psíquico que fragilize uma vida pode fazer com que um acontecimento difícil da vida aproxime as ideias suicidas.
A falta de sentido para a vida. Uma sensação insuportável de um vazio agressivo interno pode gerar pensamentos de que a vida não vale a pena ser vivida.
A convivência com a lembrança insuportável de um trauma pode projetar ao longo do tempo um esvaziamento da alegria de viver, deixando espaço para a angústia. Nesse cenário de sofrimento, morrer pode ser algo desejável para alguns sujeitos.
Uma situação de exclusão é potencialmente geradora de ideias suicidas. A vida social deve incluir e com isso criar redes de proteção para as subjetividades através dos modos de incluir e pertencer.
O abandono é, de igual forma fator importante. As vivências de abandono causam sofrimentos na vida narcísica, a solidão extrema podendo ser uma de suas sequelas.
Mas, de novo vale afirmar, a singularidade humana precisa sempre ser levada em consideração, é nela que repousa toda a complexa subjetividade da vida, seu meandros, as surpresas, a capacidade de superação e as insondáveis decisões que deixam os rastros de uma trajetória.