A angústia é um afeto. Não se trata somente de emoção ou sentimento. É afeto no sentido de alguém ser afetado por alguma coisa. Mas não é um afeto qualquer. É um afeto central “aquele em torno do qual tudo se ordena. ” (Lacan). Podemos pensar que todo o desenvolvimento de um ser se dá em função da angústia. Sim porque é preciso fazer algo com a angústia, ela é insuportável e desde lá nos primeiros dias de vida, já o bebê tenta escapar dela. É preciso defender-se dela e é no momento em que se defende que o aparelho psíquico vai sendo colocado em funcionamento e ficando mais complexo.
É claro que não é tão simples assim. E de onde vem a angústia? A resposta mais precisa acerca dela seria: É IMPOSSIVEL DIZER. Que angústia!!!! Pois é justamente o que incomoda na angústia, o fato de sermos afetados por ela e não termos condições de dizer o que é. Apesar de muitos por ai dizerem que tem formas milagrosas de felicidade, de paz, de harmonia… Enfim… Prefiro ser mais humilde e dizer que a psicanálise tem algumas suspeitas a respeito da angústia, sua origem e “o que fazer com ela”. Tem uma frase do Lacan que diz mais ou menos assim: “a angústia surge da suspeita de nos reduzirmos ao nosso próprio corpo.”
O Freud também trabalhou e muito a angústia e sempre a relacionou diretamente ao corpo. Vamos pensar a angústia como o fato do sujeito saber-se um corpo, saber-se carne. Isso já é efeito da sexualidade se constituindo num sujeito. Quando escutamos alguém falando do que sente e onde sente a angústia, é sempre no peito que a pessoa direciona a mão. Isso não é sem motivo. As primeiras sensações de estar vivo relacionam-se justamente com o grande fenômeno da respiração e do batimento cardíaco. No peito, portanto.
Vamos avançar um pouco e dizer que a angústia é aquele afeto que não vem acompanhado de palavras, de explicação, de sentido. Aquilo que não podemos nomear e nos afeta causa-nos angústia. Assim cada fase da vida de uma pessoa está acompanhada de uma angústia que a empurra no sentido de encontrar algum destino para ela. Infelizmente, muitas vezes para dar um destino para a angústia o que se produz são sintomas, doenças, inibições, medos, paralisias… Falar é uma possibilidade de tratar a angústia. Mas precisa alguém que consiga escutar.